Expedição Lusitânia - Suek: Etapa Recife - Salvador da Baia

09/06/2022

A estadia no Recife foi agradável. O Cabanga Iate Club tem excelentes instalações e fomos recebidos sempre com muita simpatia. O único senão, foi termos estado na semana dos dilúvios, com chuvas fortes todos os dias, nalguns casos durante o dia todo o que impediu de lavar e secar convenientemente os barcos  por dentro.

Apesar disso, ainda tivémos um simpático almoço a convite do Real Hospital Português de Beneficência seguido de uma visita ás suas instalações, acompanhados pelo seu provedor. É uma obra notável, tem uma área de 130 mil m², conta com 2000 médicos,  5600 colaboradores, 28 salas cirúrgicas e realiza 1500 cirurgias por mês. Não imaginava o forte apoio e envolvimento que Portugal tem no Recife.

Ainda nessa tarde, tivemos também uma cerimónia solene com a deposição de uma coroa de flores junto ao monumento do Gago Coutinho e Sacadura Cabral, contando com a presença de várias figuras públicas do Recife, a marinha e a força aérea brasileira, cuja banda tocou o hino nacional dos dois paises.

De seguida, fomos convidados pelo Gabinete Português de Leitura do Recife, uma instituição gerida pela comunidade Portuguesa, situada num bonito edifício tradicional, para a inauguração de uma exposição sobre Gago Coutinho e Sacadura Cabral e onde houve também um porto de honra. No auditório decorreu a palestra sobre as alterações climáticas proferida pelo José Mesquita.

No dia seguinte, a convite do turismo vieram-nos buscar numa carrinha para darmos uma volta a conhecer o Recife e em particular a zona de Olinda.

O resto dos dias foram a aguardar que a chuva parasse, a fazer algumas reparações possíveis e compras para abastecimento dos barcos.

Tratámos também do processo de entrada no Brasil, que depois de várias peripécias, apenas resolvidas com a ajuda do vice consul de Portugal no Recife conseguiu ficar concluido. Apesar disso, não nos livrámos de uma multa de 100 reais cada um, por não termos tratado da entrada em Fernando de Noronha. Não o fizémos na altura, porque tinhamos recebido informação de que a entrada poderia ser tratada no Recife. Acontece é que quem deu essa informação não foi a policia federal que é a entidade responsável por estes processos...

Éramos para ter saido em direção de Salvador da Bahia na maré cheia de domingo, dia 29 de Maio, mas devido á chuva que impediu a marinha de nos vir dar os documentos de saida atendendo a que o Recife estava alagado devido ás firtes chuvas que estavam a ocorrer, acabou por se marcar a saida para o dia seguinte. Contudo, apenas dois dos barcos acabaram por sair. Os outros tiveram de esperar pela maré cheia do dia seguinte que só ocorreu na madrugada do dia 31 Maio, terça feira.

Este atraso deveu-se á necessidade de uma reparação urgente num barco onde após ter comprado um enrolador de genoa novo em Portugal, descobriu que foi mal montado quando ao abrir a vela na marina numa ação de rotina, a calha desconjuntou-se nos vários segmentos. Com isto, acabou também por rasgar a vela que era nova. Foi um dia inteiro para tirar o estai real, montar, fixar a calha e voltar a montar tudo.

Saimos assim com a maré das 04:30h da manhã, do dia 1 Junho, terça feira.
Sair de noite é sempre aborrecido, mas se juntarmos a chuva que caia não foi uma saida agradável. De qualquer das formas, correu tudo bem, percorremos o canal de acesso quase ás escuras com o José na proa a apoiar, confirmando o rumo a ir. Os outros barcos vieram logo atrás.

Chegados ao mar, havia pouco vento e muita ondulação, pelo que tratámos de nos afastar o mais possivel da costa. Como as previsões de vento apontavam para fora andámos um dia num rumo para sul para nos continuarmos a afastar e depois seguir rumo direto para Salvador. Durante a noite, não nos livrámos dos habituais aguaceiros com chuva e vento forte.
O resto dos dias, foi alternando entre vento fraco, outras vezes mais forte com a passagem das nuvens e sempre acompanhado de uma onda longa pelo través que fazia bater as velas com força.

Após mais alguns aguaceiros fortes, especialmente á noite, com nuvens escuras acompanhadas de vento, e outros periodos sem vento, chegámos á marina Porto Salvador no dia 3 de Junho pelas 14:30h locais. Os outros barcos que tinham saido um dia antes, já tinham chegado de manhã cedo.

Á chegada tinhamos uma simpática receção com vários elementos da marinha brasileira no cais da marina, tendo havido logo uma sessão de fotos. Entregaram-nos também um extenso programa de atividades que tinham preparado para a nossa estadia em Salvador, contando sempre com o seu apoio e acompanhamento.
Dia 8 Junho, quarta feira, se a meteorologia permitir, contamos largar amarras, desta vez com destino a Vitória, penúltima etapa da expedição.