Secção do disco descoberto
Disco da bússola vikingue
Em 1948, durante umas escavações numa colónia vikingue na Groenelândia, descobriu-se uma pequena secção de um disco em madeira datada cerca do ano 1000. O disco, se completo, teria uns 7 cm de diâmetro com 32 recortes triangulares feitos à mão no seu perímetro, tal como uma rosa-dos-ventos. Assumiu-se desde logo que faria parte de um instrumento de navegação, usado para encontrar o Norte durante o nascer e pôr-do-sol.
Alguns anos depois reconheceram-se duas linhas inscritas na superfície do disco como curvas gnomon, ou seja curvas que traçam a sombra da projecção de um gnomon (pino de um relógio de sol). Sabemos que essa curva varia de dia para dia devido à declinação do sol e à latitude do observador e que as linhas desse disco correspondiam a linhas à latitude de 60ºN, latitude média dos países escandinavos.
Pensa-se que esse disco funcionaria como uma bússola solar e que foi usada durante as navegações que os vikingues faziam quando atravessavam o Atlântico rumo à Groenelândia. O seu uso é extremamente simples. Na véspera da partida traçava-se, com alguma paciência, uma linha limitando a sombra do gnomon que o sol projectava na superfície do disco. Durante a navegação bastava, com o disco na horizontal, fazer coincidir a sombra com a linha previamente inscrita. A diferença da curva não era significativa durante alguns dias e mesmo semanas, sobretudo durante o Verão (época em que essas navegações eram feitas), e com alguma experiência pequenas correcções podiam ser efectuadas. A partir daqui o instrumento estava como que calibrado, servindo de bússola e de relógio. Os 32 entalhes acabam por corresponder aos pontos cardeais que aparecem nas rosas-dos-ventos.
Linhas gnomon para latitudes diferentes
Como não existem documentos que descrevam este instrumento e o tipo de navegação que com ele era feito, não se sabe ao certo como ele era usado. Se fixo numa haste, se flutuando numa tina com água ou suspenso por fio com um lastro de ferro. Neste último caso um nó no fio delimitaria a altura do gnomon. Este instrumento também só permitia navegações dentro da latitude para que tinha sido elaborado. Como as navegações dos vikingues também passavam perto das ilhas Shetland, Faroes e da Islândia, é de crer que aproveitavam para corrigir o rumo, quando desviados pelos ventos e correntes. A eficiência e a precisão desta bússola solar podia ser suficiente para este tipo de navegações, pois as aterragens efectuavam-se num espaço ainda grande, chegando-se depois ao destino percorrendo a costa.
Já na nossa era foi efectuada com sucesso uma travessia usando um instrumento similar ao da figura abaixo. Concluiu-se que o erro de um instrumento deste tipo seria inferior a 40 milhas. A vantagem sobre uma bússola vulgar é que aponta para o norte verdadeiro, enquanto a sua precisão ou a falta do sol é o maior problema.
Bússola com haste e indicador de rumo
(hipótese)
Não se pense que esta bússola foi apenas usada pelos vikingues. Algumas expedições científicas fizeram uso de instrumentos derivados e durante a Segunda Guerra, alguns exércitos que combatiam no deserto usaram a bússola solar, que apesar de mais modernas, mais precisas e contemplando uma escala para várias latitudes, baseavam-se no mesmo princípio.
Bússola solar actual